Sem retoques, natural como Sophia semprefez questão de ser. Exuberante, ardente, romântica, batalhadora incansável, ela é um simbolo de mulher latina.
Maio de 1949. A produtora norte-americana que está filmando "Quo Vadis?" na Itália pede milhares de figurantes para as grandiosas cenas de multidões que seriam o ponto alto de uma produção épica bilionária.
No meio da multidão que se acotovelava diante das portas da Cinecittà, duas mulheres abrem caminho aos empurrões. Não é fácil passar pela barreira dos selecionadores, mas, entre gritos e palavrões no sonoro dialeto Romano, as duas conseguem entrar. A mais velha aparenta uns 40 anos. Bonitona, chama-se Romilda Villane, e é Napolitana. A mais nova, belíssima, é sua filha Sofia. Antes da guerra, Romilda ganhara um concurso organizado pela Metro-Goldwyn-Mayer, que a escolheu como a sósia de Greta Garbo, com oferta de um contrato nos EUA. Mas a falsa "Rainha Cristina" (foi assim que desfilou no Teatro Adriano de Roma) não chegou a atravessar o Atlântico. Sua fracassada união com Riccardo Scicolone a retivera na Itália. Estava certa de que encontraria um meio de realizar suas aspirações artísticas, mas só conseguiu alguns contratos em pequenas cia de variedades, cantar algumas canções em locais modestos, numerosas promessas que nunca se concretizara e muita, muita solidão.
O pai abandona a família nos tempos difíceis
Sofia Scicolone nasceu em Roma, a 20 de setembro de 1934 (Ou ainda em 1930, segundo outros que a conheceram antes que se tornasse famosa). Logo o pai, Riccardo, abandona a família, depois de engravidar Romilda de novo. As dificuldades econômicas - agravadas pelo nascimento da segunda filha, Maria - obrigam Romilda a voltar a casa dos pais, em Pozzuoli, perto de Nápoles, onde já viviam dois irmãos e uma irmã. Apesar dos problemas que enfrenta como mãe solteira, a vida em família é preferível à miséria das pensões Romanas. A menina Sofia, apelidada de palito devido a sua magreza, cresce tranquilamente em meio à pobreza decente de uma família antiga e conservadora. O avô Domenico, um homem calmo e excelente operário, confia a educação da neta a um colégio de freiras. Cedo, porém, Sofia conhece as privações e o terror de uma nação mergulhada na gerra. A Itália se envolve no conflito em junho de 1940, começando a mais dolorosa experiência de sua história desde os tempos de unificação nacional, no fim do século passado. Nápoles, porto e centro industrial, tem de se adaptar aos bombardeios, à vida nos abrigos, à escassez de comida e água - em suma, a todas as desgraças inerentes a um conflito desse porte, um conflito que a Itália está perdendo.e o fim da gerra não significa um retorno imediato à normalidade. Em toda a região napolitana, as dificuldades e a miséria persistem por anos.
A beleza, um instrumento para Sofia ganha rapidamente formas de mulher e, talvez incentivada pela mãe, logo decide fugir do anonimato. Quando está no segundo ano de magistério, em setembro de 1949, resolve participar de um concurso de beleza da região, para eleger a ''Rainha do Mar'' e um séquito de doze princesas. Usando um vestido de noite feito em casa, com o pano de uma cortina da sala, Sofia está entre as 375 concorrentes. Consegue ficar entre as doze princesas e recebe vários prêmios: 25 000 liras em dinheiro, um corte de tecido, um servido de mesa e 28 rolos de papel de parede.a fugir da miséria
O cinema e o sonho
Convencida de que está no caminho certo, e sempre apoiada pela mãe, troca o colégio por uma modesta academia de arte dramática. Seu sonho é o cinema, e para realizá-lo aceita posar - ligeiramente vestida - para cartões postais e fotos endereçadas aos produtores romanos. O começo é difícil. A primeira oportunidade, em ''Quo Vadis?(Idem, 1950)'' de Mervyn Leroy indicado a oito Oscar, inclusive de melhor filme, resume-se a duas noites de trabalho, ao lado da mãe, numa cena de multidão com 3.000 figurantes; o filme fica no Top Ten Films da National Board of Review, USA de 1951.
Nesse mesmo ano de 1949, ela participa de outro concurso de beleza, desta vez para escolher a ''Rainha das Sereias do Adriático''. Sofia Villani não consegue colocar-se nem mesmo entre as damas de honra. Sem muito escolha, volta, volta-se então para um gênero popular de grande sucesso: a fotonovela.
Uma beleza violenta e agressiva
Inventada na Itália depois da guerra pela mente criativa do editor Cino del Duca, as fotonovelas logo se popularizam, começam a criar seus próprios ídolos e se difundem em grande escala.
Uma das revistas mais procuradas é Sogno, que no dia 15 e3 dezembro de 1949 anuncia uma nova história, Não Posso te Amar, interpretada por Cottado Alba e Sofia Lazzaro, ''uma beleza violenta e agressiva''. Tratase de Sofia Scicolone, depois Villani e agora Lazzaro.
Cada episódio é produzido em cerca de dez dias e proporciona a Sofia 30 000 liras e uma certa notoriedade entre os 500 000 leitores da revista.
Um trabalho bem mais leve e mais bem pago.
Teimosa, porém, ela insiste com o cinema e, em 1950, consegue participar de vários filmes pouco importantes: ''Maridos e Esposas(Luci del Varietà)de Federico Fellini e Alberto Lattuada'', ''O Voto(Il voto)'', ''Sou o Capataz(Io sono il capataz)'', ''Le sei Mogli di Barbablú'', ''O Coração do Mar(Cuori sul mare)'' esse último por coincidência também fazendo uma ponta antes da fama, aquele que seria seu maior parceiro Marcello Mastroianni. O trabalho lhe rende 30 000 liras por dia e é bem mais leve que as fotonovelas.
"Miss Elegância" conhece um simpático jurado: Carlo Ponti
No verão de 1950, Sofia tenta novamente os concursos de beleza. Desta vez porém, trata-se de disputar o título de "Miss Itália". Não tem nenhum voto como candidata ao título máximo, mas nem por isso sai de mãos vazias: é eleita "Miss Elegância", um belo prêmio de consolação. Além disso, um dos jurados - advogado, falante, baixinho e um tanto rude, produtor por profissão - fica muito interessado nela. Seu nome é Carlo Ponti. O relacionamento que nasce aí seria de importância fundamental para o futuro de Sofia - como atriz e como mulher. De volta aos dramalhões de amor e morte e aos papéis anônimos, Sophia continua firmemente decidida a vencer. Em 1951, participa de seis filmes que nada acrescentam ao seu currículo precário - com exceção de "É Arrivato I'Accordatore", em que o nome de Sofia Lazzaro aparece pela primeira vez - embora em último lugar e em letras minúsculas, no filme, neste mesmo ano novamente seu nome aparece nos créditos do filme ''Era Ele/Era Lui!... Si! Si!'', de Marino Girolami, Marcello Marchesi e Vittorio Metz, porque neste filme que é aparece o célebre topless de Sophia Loren, vestida (!!!) de odalisca e creditada como Sofia Lazzaro, quando Sophia ficou famosa várias fotos de Loren com seios nus foram exibidas mundo afora. Em 1952, ela participa do filme "Mercado de Mulheres (La Tratta Delle Bianche), uma história sobre prostituição, baseado em fatos reais. Entre vários nomes de destaque - Eleonora Rossi Drago, Silvana Pampanini, Vittorio Gassman, Ettore Nanni - , Sofia faz uma personagem secundária, uma mãe solteira que, segundo o roteiro, (cai nas mãos de um bando sinistro de aproveitadores). Pouco depois, a atriz parte para a região do mar Vermelho, onde participa de um filme fraco, mas importante para sua carreira: "Àfrica sob o Mar(Africa sotto il Mare, 1952).
Surge a atriz SOPHIA LOREN, bonita até debaixo da água
O diretor de ''África Sob o Mar'', Giovanni Roccarde, está mais interessado nos efeitos de luzes e cores das tomadas submarinas do que propriamente na trama, e Sofia se vê obrigada a tomar aulas de natação e mergulho. Essa curiosa experiência rende bons frutos para a carreira: consegue aparecer em segundo lugar no elenco, depois do americano Steve Barclay. Graças ao físico exuberante, é incluída na galeria privilegiada das atrizes de grandes curvas chamadas de Maggiorate. E, principalmente é rebatizada pelo produtor com um nome "Mais internacional" - Sophia Loren. 1953 é um bom ano para a atriz, que participa de dez filmes, que lhe dão independência financeira e grande popularidade. Sophia não se preocupa com o nível, nem com a qualidade dos filmes em que trabalha. Para ela, o importante é ganhar experiência, Sejam quais for o diretor e os atores, seja qual for o tipo de filme. Contudo, ela consegue três grandes oportunidades: uma proporcionada por um diretor consagrado, Alessandro Blasetti, outra por um iniciante, Ettore Giannini. Com Blasetti, ela interpreta o episódio "A Maquina Fotográfica", do filme "Nossos Tempos (Tempi Nostre, 1953)", ao lado do comediante Totó: vive as experiências surrealistas de uma jovem que serve de modelo para um fotografo lunático, em situações bem semelhantes às que vivera quando era Sofia Lazzaro; uma curiosidade: nesse filme de episódios Marcello Mastroianni também participa, mas é no terceiro em que ela recebe seus primeiros elogios como atriz; ''Aida/Idem'' é um filme italiano de 1953, versão da ópera Aida de Giuseppe Verdi. Foi dirigido por Clemente Fracassi e produzido por Gregor Rabinovitch e Federico Teti. Renata Tebaldi foi originalmente escalada para interpretar Aida, mas ela decidiu não aparecer no filme. Gina Lollobrigida também foi considerado para o papel, antes de Sophia Loren. Este foi o primeiro papel de liderança de Loren com destaque. O desempenho de Sophia Loren foi recebido com aclamação da crítica por seu papel como Aida. Nesse mesmo ano ela faz ''A Invasão dos Bárbaros/Attila" de Pietro Francisci que é um filme fraco, mas em compensação foi um enorme sucesso de bilheteria, ganhando US $ 2 milhões nos seus dez primeiros dias de seu lançamento só nos E.U.A., ao lado do amigo Anthony Quinn. Junto com o ''Orgulho e Paixão/The Pride and the Passion" e ''Tentação Morena/Houseboat" que foram os maiores sucessos de Loren nos anos de 1950 .
Sophia faz vários papéis em "Carrossel Napolitano", sua primeira grande oportunidade
Ela participa da estréia no cinema do diretor italiano Mauro Bolognini, diretor dos ótimos (''A Longa Noite de Loucuras/La Notte Brava'', ''Metelo/Idem'' e ''O Belo Antônio/Il Bell'Antonio''), em ''Ci Troviamo in Galleria'' de 1953; a trilha sonora se destaca a interpretação do famoso "La Vie en Rose" de Nilla Pizzi em italiano. Com Ettore Giannini, Sophia consegue uma interpretação brilhante e cheia de energia em "Carrossel Napoloitani (Carosello Napoletano, 1953)", uma aventura através do passado e do presente de Nápoles. Um filme fantasioso, dirigido com muito cuidado por Giannini, em que Sophia Loren interpreta vários papéis: uma dançarina de cabaré, uma moça apaixonada, uma artista de circo. Não se exige dela que seja uma atriz nesses papéis, mas que seja ela mesma, que explore sua personalidade. Carrossel Napolitano é a oportunidade tão arduamente esperada. Sophia passa por esse teste difícil com a vitalidade e a força de sua interpretação natural, de sua presença sempre sincera, filme premiado no Festival de Cannes e na Espanha foi eleito o melhor filme estrangeiro do ano. Esse papel lhe garante o trabalho seguinte: também ambientado em sua cidade de infância: "O Ouro de Nápoles(L'Oro di Napoli, 1954)", filme de episódios dirigido por Vittorio de Sica, que também conta com a talentosa atriz Silvana Mangano.
Com experiência e habilidade, De Sica faz de Sophia Loren um sucesso
De Sica destina a Sophia o episódio "Pizze a Credito", rebatizado nas telas como "La Pizzaiola". è a história de uma moça do interior enérgica e falante - por mera coincidência, também chamada "donna Sophia". No texto original - , que luta para provar sua fidelidade ao marido. Guiada por um hábil construtor de atores, La Loren constrói a personagem com uma precisão de gestos capaz de convencer os críticos mais empedernidos. Sólida e forte, sua presença física marca bem a personagem de pizzaiola um apelido que acompanha a atriz por anos, uma mulher de caráter e saudável e plebeu, sujeita a explosões violentas e famosa pelos desafios com as mãos apoiadas nos quadris, o filme é selecionado a Palma de Ouro em Cannes de Melhor Filme e deu a Vittorio de Sica, o Golden Goblets, Italy de melhor diretor daquele ano. O filme seguinte também é um sucesso graças ao roteiro do estreante e futuro grande diretor Pier Paolo Passolini "A Mulher do Rio (La Donna del Fiume, 1954)" de Mario Soldati. Com o comediante Totó, outro sucesso; "Miséria e Nobreza (Miseria e Nobilitá, 1954)" de Mario Mattoli.
Sophia Loren-Vitorio de Sica-Marcello Mastroianni, o grande trio de ouro
Chamada para interpretar "Bela e Canalha (Peccato che Sia una Canaglia, 1954)", ao lado de De Sica e Mastroianni, filme pelo qual ela ganha o seu primeiro prêmio de Melhor Atriz no Festival da Argentina, Sophia forma com eles que fará também "A Bela Moleira (La Bella Muginaia, 1954)", uma versão de peça "O Chapéu de Três Pontas", de Pedro de Alarcón. Nesses dois filmes - comédias de costume, um filão de ouro para ela - Sophia prova que seus recursos vão muito além de um corpo belíssimo. O ano de 1955 - em que faz os filmes "O Signo de Vênus (Il Segno de Venere)", "A Sorte de Ser Mulher (La Fortuna di Essere Donna)", este último, ela contracena com o internacional Charles Boyer e seu parceiro de sempre Marcello Mastroianni - é muito positivo para La Loren. Não tanto por esse filmes, mas porque a atriz resolve exportar sua carreira; nesse ano o melhor filme é o qual ela trabalha com Vittorio de Sica como ator "Pão, Amor e ...(Pane, Amore e...) de Dinno Risi; ela faz o papel de dona Sophia, o filme ganha uma Menção honrosa no Festival de Berlin, além do David di Donatello Awards(o Oscar do cinema italiano) de Melhor Filme e Melhor Ator para De Sica, nesse ano ela foi capa de várias revistas entre elas, ''Paris Match Magazine'', pela primeira vez.
Sophia Loren vai a Hollywood por um caminho tortuoso
Em agosto de 1955, Sophia aparece na capa da revista LIFE, que lhe dedica um longo artigo. Em dezembro, faz parte da delegação oficial que vai à Dinamarca, à Suécia e à Noruega, para as "Jornadas do Cinema Italiano". Acompanham-na Lea Massari e Silvana Pampanini. Nesse lance promocional, a habilidade de Carlo Ponti funciona admiravelmente: emquanto Lea pertence ao futuro da Cinecittà, e Silvana faz parte de seu passado recente, apenas Sophia é o presente. Por essa época, a atriz passa por momentos difíceis, quando comparece aos tribunais como testemunha num processo de difamação contra Nella Rivolta, a ex-esposa de seu pai, Riccardo Scicolone. O processo deve-se a uma afirmação de Nella, segundo a qual, Maria - irmã de Sophia - usava indevidamente o sobrenome do pai, já que teria nascido de outra relação. Sophia resolve dando uma boa quantia a Nella e ao pai, desde que deixasse o sobrenome do pai também para a irmã.
Em compensação, em 1956, Sophia viveria a aventura americana. Ponti programa minunciosamente um longo e complicado caminho para chegar a Hollywood: passa pela Espanha, pela Grécia e, finalmente, pela África.
Na estréia fora da Itália, um romance com Cary Grant: e ele quer casamento
Em seu segundo filme em Hollywood, "Orgulho e Paixão (The Pride and the Passion, 1957)", história de um grande canhão de bronze abandonado pelas tropas francesas e recuperado por guerrilheiros espanhóis, que utilizam para destruir uma fortaleza napoleônica (em 1810). Baseado num romance de C.S.Forester, o filme coloca Sophia entre dois monstros sagrados do cinema americano: Cary Grant e Frank Sinatra. Essa super-produção de Stanley Kramer, que está mais preocupado com a fotografia do filme, e o canhão, porém, é o luxuoso espetáculo. Durante as filmagens, Sophia mantém um romance com Cary Grant, que chega a pedi-la em casamento. Pouco tempo depois, eles se reencontram em outra filmagem, durante a qual surge a noticia da anulação do casamento de Carlo Ponti e, consequentemente, a possibilidade de legalizar sua relação com Sophia Loren. Cary Grant diz apenas a Sophia: -"Espero que você seja muito feliz". Com a locação de bilheteria de US $ 4,7 milhões de um bruto de 8,75 milhões dólares, este seria um dos 20 filmes de maior bilheteria de 1957. Variety elogiou os valores de produção do filme, afirmando que "o crédito Top deve ir para a produção. As vistas panorâmicas longrange de a marcha e terrivelmente exército sobrecarregado, a luta dolorosa para manter o móvel arma através de ravina e sobre a via navegável - estas são as principais vantagens. " No entanto Ephraim Katz em The Encyclopedia Film descreve-o como "nonsense épico exagerada vazio", neste ano ela capa de várias revistas entre elas ''Paris Match Magazine'' e a ''Life''.
Em sua estreia em Hollywood, "A Lenda da Estátua Nua (Boy on a Dolphin, 1957)", não é muito criativa. De qualquer modo, essa história de uma pescadora de esponjas permite a Sophia viver alguns momentos espetaculares - principalmente uma longa série de sequências submarinas, que destacam magnificamente sua figura.
Na verdade, fascinado pela beleza de Sophia, o diretor Jean Negulesco (que também pintou vários retratos dela, mais tarde exposto numa galeria Romana) aproveita todas as oportunidades para colocá-la em situação vantajosa, compensando certos momentos desagradáveis que ela passa ao lado dos companheiros Alan Ladd e Clifton Webb; destaca-se além da beleza de Sophia, a bela trilha sonora indicada ao Oscar. O filme é notável como Sophia Loren em sua estréia no idioma inglês, embora também é notável por seu canto "T'in'afto pou para lene agapi" (O que é isso que eles chamam de amor), em grego moderno, muito elogiado pela a critica.
Em "A Lenda dos Desaparecidos ( Legend of the Lost, 1957)", com John Wayne é uma aventura Africana, em que John Wayne continua representando um Cowboy durão. Sophia, ao seu lado, é um belo enfeite que o diretor Henry Hataway explora habilmente, mas Sophia tem uma bela cena de briga, onde ela bota abaixo John Wayne e Rossano Brazzi.
Finalmente, depois dos encantos da Espanha e da Grécia, da areia e do suor do Saara, Sophia conquista - como queria seu produtor - o passaporte para Hollywood definitivamente. Começa com "Desejo (Desire Under the Elms, 1958)", uma peça de Eugene O'Neill, adaptada para o cinema pelo escritor Irwin Shaw, mais dirigido sem muito brilho pelo diretor Delbert Mann, a própria Sophia , declara que ela e o protagonista Anthony Perkins ( com aquela eterna cara de Norman Bates) carecem de química.
''Desejo'' destaca-se graças a bela fotografia de Daniel L. Fapp - indicada ao Oscar de melhor fotografia em preto e branco. Ela tem consciência dos riscos que corre, pois outras atrizes italianas, como Alida Valli e Isa Miranda, ''queimaram-se'' em Hollywood. Dois milhões de dólares por três anos de trabalho, porém, são muito convidativos, e outras atrizes italianas como Anna Magnani, Gina Lollobrigida e Claudia Cardinale, se deram bem em Hollywood; nesse ano ela foi capa de várias revistas entre elas, ''Paris Match Magazine( duas vezes )'' e a ''Comopolitan Americana''.
Carlo Ponti e Sophia Loren, um escândalo à italiana
Diversos problemas pessoais também contribuem para levar Sophia a Hollywood. Sua relação extramatrimonial com Carlo Ponti está sendo condenada pela conservadora opinião pública da Itália, e uma longa permanência no exterior poderia solucionar o problema. No dia 23 de setembro de 1957, os jornais noticiam que Ponti e Sophia Loren tinham se casado em Ciudad Juarez, no México.
O casamento no México (não válido na Itália) e as denúncias de bigamia feitas por cidadãos comuns contra Ponti e Sophia fornecem material para as crônicas escandalosas durante uma década. A situação é complicada, e o casal frequentemente tenta esclarecer as coisas valendo-se de sutis recursos legais, declarações e desmentidos. Se puséssemos os pés na Itália - conta Sophia - estaríamos sujeitos à prisão.
Ponti se casara em 1947, com Giuliana Fiastri. Tiveram dois filhos. Separaram-se em 1957 e o tribunal eclesiástico se recusou por duas vezes - em 1959 e 1962 - a conceder-lhes a anulação do casamento.
Na época o divórcio não existe ainda na Itália, e esse é o centro do problema. Como o arranjo feito no México é insuficiente, Ponti e Giuliana assumem a cidadania francesa. Em dezembro de 1965, finalmente, um tribunal de Paris lhes concede o divórcio.
No ano seguinte, Ponti e Sophia se casam na França, buscando colocar um ponto final nas lutas em defesa de sua união. ''Tentação Morena (Houseboat, 1958), dirigido por Melville Shavelson, é uma comédia leve que tenta e consegue combinar a proverbial elegância do cinquentão Cary Grant com a vivacidade mediterrânea da jovem Sophia, esse delicioso filme e indicado ao Oscar de melhor Roteiro e Fotografia do ano e da a Sophia um Prêmio de Atriz na Alemanha. As outras produções seguintes são despretensiosas mas rentáveis : ''A Chave(The key, 1958) de Carol Reed, foi rodado em Londres com William Holden, Trevor Howard, Bryan Forbes...
Bem melhor é o filme seguinte ''Mulher Daquela Espécie (That kind of woman, 1959) do talentoso Sidney Lumet, além Sophia, incluiu no elenco Tab Hunter, Jack Warden, George Sanders, Keenan Wynn, Barbara Nichols, Beatrice Arthur, Stephen Bolster..., com expecional fotografia de Boris Kauffman; o filme concorreu ao Urso de Ouro de Melhor Filme daquele ano; nesse ano ela foi capa de várias revistas entre elas, ''Elle (italiana)'' e a ''Marie-Claire (francesa)''.
"Mulher Daquela Espécie" COM TAB HUNTER (acima)
No mesmo dia em que "A Chave" é exibido para a corte britânica (afinal, o diretor é "Sir" Carol Reed), Sophia e Ponti são processados por bigamia na Itália. Mas o grande acontecimento é na Inglaterra. Para ir à solenidade, Sophia se esmera na aparência e usa um penteado chocante, encimado por uma coroa. É apresentado à rainha. Uma gafe imperdoável, usar uma coroa na frente de sua majestade. É também uma promoção inesperada para a atriz. No dia seguinte, os jornais dizem:
''A Inglaterra agora tem duas rainhas.
A Rainha Elizabeth e a Rainha Sophia.''
Outro daqueles filmes, ''A Orquídea Negra'' lhe traz o primeiro reconhecimento internacional importante e, o que é melhor, partido da Itália. Ela recebe um convite para ir ao Festival de Veneza de 1958. Como, se podia ser presa ao desembarcar? Ponti, o maior ''criminoso'', não vai, mas consegue garantias para Sophia ir. Ela vai e ganha a ''Coppa Volpi de Melhor Atriz do Festival''. Sophia também ganha seu primeiro David di Donatello Awards (o Oscar do cinema italiano), ainda em forma de placa dourada pela sua performance.
O próximo filme ''Jogadora Infernal(Heller in pink tights, 1960)'' de George Cukor , é um western divertido baseado nas aventuras se uma cia teatral cuja prima donna é Sophia, com Anthony Quiin, Margaret O'Brien, Steve Forrest, Eileen Heckart, Ramon Novarro...
O filme é conhecido por seus trajes ricamente ornamentadas por Edith Head e sua fotografia impressionante em uso de Technicolor. Apesar de não ser um sucesso comercial, ''Heller In Pink Tights'', é considerado por alguns historiadores de cinema ricamente em visual dirigido por George Cukor que ser orgulhava de ter dirigido algumas das mais famosas atrizes da era de ouro de Hollywood, entre outras ( Marilyn Monroe, Greta Garbo, Joan Fontaine, Myrna Loy, Jean Harlow, Marie Dressler, Joan Crawford, Norma Shearer, Vivien Leigh, Claudette Colbert, Ingrid Bergman, Ginger Rogers, Shirley Temple, Shelley Winters, Lana Turner, Judy Holliday, Judy Garland, Ava Gardner, Anouk Aimée, Audrey Hepburn, Maggie Smith, Elizabeth Taylor e ainda se gabava de ter dirigido as duas maiores atrizes italianas de todos os tempos Sophia Loren e Anna Magnani).
''Começou em Nápoles(Il started in Naples, 1960), de Melville Shavelson, com um Clark Gable em má forma, só se torna interessante quando a atriz libera seu ''napolitanismo'', a química entre Sophia e o garoto Marietto é perfeita, tanto que Sophia é indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz. Este foi o último filme a ser lançado durante a vida de Gable (seu último filme, The Misfits , foi lançado postumamente) e seu último filme em cores. Um dos destaques do filme é um número tongue-in-cheek musical por Loren chamado " Tu vuò fà l'americano "(You Want To Be Americano), escrito pelo compositor napolitano famoso Renato Carosone. Filmado em locações em Roma, Nápoles e Capri , ''Começou em Nápoles'' foi nomeado para um Oscar por sua direção de arte. Nesse ano ela foi capa de várias revistas entre elas, ''Paris Match Magazine (duas vezes)'' e a ''Marie-Claire (francesa)''.
''O Escândalo da Princesa(A Breath of scandal, 1960)'', de Michael Curtiz (diretor do clássico Casablanca), baseado na comédia Olympia, de Ferencer Molnar, é uma sucessão de reverências, cumprimentos, delicadezas, valsas e frivolidades. O filme é ambientado na virada do século 20 e apresenta exuberante technicolor fotografia de Viena e no campo da Áustria. Os figurinos e iluminação foram projetados por George Hoyningen-Huene e executado por Ella Bei da casa de moda Knize na Áustria. Devido em parte à Michael Curtiz (já em fora de forma), direção do que Sophia Loren estava em desacordo com, o diretor italiano Vittorio De Sica foi contratado para refilmar algumas cenas com Loren depois de horas sem o conhecimento de Curtiz. Mas o filme fica devendo, apesar do elenco.
Bem melhor é a comédia ''Com Milhões e Sem Carinho(The millionairess, 1960), baseia-se numa peça de George Bernard Shaw, e Sophia Loren contracena com Peter Sellers, eles em amba sintonia, muito bem coadjuvantado por Alaistair Sim, Vittorio de Sica, Gary Haymond....
O filme foi um enorme sucesso na Grã-Bretanha na época de seu lançamento, mas recebeu críticas mistas. No entanto, foi um sucesso internacional. Sellers e Loren cantam no filme, Martin encomendou David Lee e Herbert Kretzmer a escrever a canção. Martin produziu-se o registo. Martin imaginou a canção como uma gravação a ser incorporada na trilha sonora do filme. Os produtores do filme não concordar com isso, mas o estúdio estava feliz em ver a canção lançada como single autônomo para promover o filme. A canção se tornou um Reino Unido hit gráfico em 1960 e teve sucesso na divulgação do filme.
Sophia Loren e Elvis Presley
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